16 de dez. de 2013

Quem é Elaine Pérola Negra? [Biografia]

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Meu nome é Elaine Pereira da Silva, nasci em 1963, na cidade de São Paulo, sou negra. Minha mãe, falecida em 1989, era empregada doméstica. Meu pai, pedreiro, faleceu em 2005. Desde os dez anos, a despeito da pobreza vigente, sonhava ser médica. Minha mãe sempre me incentivava a estudar.

Trabalhei desde catorze anos e, ao terminar o 2º grau, percebi que os sonhos não são passaporte para entrar na escola de medicina. Tentei me conformar, cursando Biologia e formei-me em 1985. O desejo de ser médica, porém, continuou. Uma das frases que norteia minha vida é este fragmento da música “Clube da Esquina nº 2”, de Lô Borges: “Porque se chamavam homens, também se chamavam sonhos e sonhos não envelhecem”.

Após terminar o curso de biologia, fui lecionar à noite e fazer cursinho pré-vestibular pela manhã. Fiz seis meses, em 1986, e não entrei na medicina. No ano seguinte, fiz um ano inteiro e, ao final, fui aprovada em duas faculdades particulares: Puc – SP e Puccamp. Para me matricular, somente na primeira, precisei vender um carro antigo, que comprara com o salário de professora. O dinheiro acabou e, doze dias depois, fui obrigada a trancar a matrícula e voltar para o cursinho. Após novo ano inteiro de cursinho, fui aprovada na Santa Casa, na Unesp e na Unicamp, onde eu tanto sonhava.

A partir daí, parei de lecionar e comecei a realizar meu sonho: cursar medicina. Era, então, o ano da graça de 1989. Morando gratuitamente na Moradia dos Estudantes da Unicamp, e com uma pequena bolsa do SAE (Serviço de Apoio ao Estudante), fui estudando com afinco. Estava no 5º ano do curso em 1993 quando fui internada na UTI da Unicamp.

Lá fiquei quatro dias em coma, entubada, respirando através de aparelhos, quase morta. Mas não seria ainda neste momento, nem em outras duas vezes dentro destes anos em que eu veria muito de perto a cara da morte, que a terra me cobriria. Por quê? Quando estava no cursinho, prometera a Deus que, se conseguisse chegar a ser médica, atenderia a pessoas como eu, desprovidas de dinheiro. Creio piamente que foi esta promessa que me garantiu a vida, anos mais tarde.

Meu diagnóstico é Neurocisticercose, a doença da larva da Taenia Solium na cabeça. Ao longo destes anos trago no currículo desta doença: dois comas, uma lesão cerebral que me causaria infantilidade mental (excesso de alegria), perda da memória recente por três anos, sonolência excessiva que, felizmente, foram praticamente revertidos após meses de luta. Também conto: três neurocirurgias, cadeira de rodas, muletas, dezoito internações, inúmeros atendimentos no Pronto Socorro, três anos de faculdade perdidos e discriminações em todos os níveis possíveis, imagináveis e também inimagináveis. Entretanto, costumo dizer que “Deus é pai, não é padrasto e não é racista”. Ele queria que, após tudo isso, eu terminasse um livro contando 300% de vitória sobre uma lesão cerebral e suas implicações na sociedade racista, classista e machista.

Quais são os saldos desta luta?

  1. Desde 1997 tenho meu diploma de médica, conquistado com sangue, suor e lágrimas em uma das mais conceituadas universidades deste país – a Unicamp. 
  2. Tenho meu registro no CRM (Conselho Regional de Medicina). 
  3. Tenho minha sanidade mental atestada em laudo médico pelo então Chefe da Neuroclínica da Unicamp – o mesmo professor que me viu com descontrole emocional, em 1993. 
  4. Desde que me formei, cumpro minha promessa: faço trabalho médico voluntário na comunidade de Vila Brandina, em Campinas – SP. 
  5. Trabalhei como Clínica Geral, efetiva, na Prefeitura do Município de Campinas por cinco anos. Aprovada no exame médico, sem esconder minha doença. Para este cargo, concorreram 160 médicos. Apenas 65 foram aprovados. Eu sou o 30º lugar. 
  6. Em 1998 fiz minha sexta ressonância magnética do cérebro e, finalmente, constou que meu cisticerco está morrendo e este meu problema de saúde está em vias de resolução. 
  7. Trazia, por anos, muita mágoa em meu peito, em função das milhões de agressões sofridas na sociedade por ser negra, pobre, doente e querer ser médica. Quando venci tecnicamente a maior luta da minha vida, exteriormente, Deus veio e levou grande parte da mágoa embora, para que a vitória fosse, também, no principal lugar – no interior da pessoa. Isto era essencial, pois o que me colocou de pé novamente não foi o desamor dos 500, foi o AMOR da meia dúzia, principalmente dos maiores amigos da minha vida: Dr. Fabrício, aluno da minha primeira turma, que não me deixou, como a maioria das pessoas, no pior período da minha vida e o Professor Dr. Jamiro, que é um pai para mim, e atende a mesma favela que eu, há mais de 30 anos. 
  8. E, para terminar com chave de ouro, a maioria dos meus pacientes – tanto da favela quanto do posto de saúde – gostavam muito do meu atendimento, e verbalizavam isto, para me deixar mais feliz.
Este conto de fadas verídico está publicado no meu livro autobiográfico intitulado “Pérola Negra – História de um caminho”, desde 2006.

A orelha do livro foi redigida pelo escritor Rubem Alves. 

O livro termina aqui. 

Vamos agora, resumidamente, atualizar esta história. 

Eu trabalhei na rede pública de saúde do país por sete anos e fui discriminada durante todo este tempo, em função da minha história de vida e do meu modo de atuar, lento e criterioso, buscando evitar erros.

 Fui médica efetiva da Prefeitura de Campinas por cinco anos. Sofri e venci dois processos de demissão injustos e até criminosos. Exausta, fui embora de Campinas. Trabalhei no estado de Mato Grosso do Sul por três meses e, depois, consegui outro emprego no sul do Estado de São Paulo, em Taquarituba, onde ganhava muito bem. Entretanto, continuei negra e honesta, o que complica a vida de um médico no serviço público de saúde deste país. Fiquei lá por onze meses, quando perdi o emprego por uma monstruosidade, em março de 2005.

Cansada de guerra, voltei para Campinas, para a proximidade de meus amigos. Fiquei afastada pelo INSS por 2,5 anos. Voltei a dedicar-me ao trabalho médico voluntário na comunidade de V. Brandina. Lancei o livro em abril de 2006 e, desde então, tenho proferido palestras de motivação para o público em geral. Esta história foi divulgada na mídia falada, escrita e televisiva - regional, nacional e internacional. Em janeiro de 2008 fui admitida como médica de família, na rede pública de saúde de Monte Mor - SP, onde já palestrara. Trabalhei lá por quase três meses, e perdi o emprego por não suportar o peso de atender com qualidade técnica o grande volume de pacientes. Pedi mais um médico pra me ajudar, e fui dispensada, semanas depois... 

Fui convidada pelo PMDB pra ser candidata a vereadora, em Campinas, mas não tinha tempo nem dinheiro pra fazer campanha - o resultado foi um fiasco... Fiquei na medicina privada, como médica examinadora em Medicina do Trabalho, de 2008 até 2010 quando, por piora da saúde (problemas psicossomáticos sequelas desta história), precisei parar de trabalhar. 

Em 2013, abraçou nosso projeto um importante cineasta, de renome internacional. O cineasta congofrancês Balufu Bakupa-Kanyinda, com incursões profissionais na Europa, África e América do Norte (vide Google) gostou muito do nosso projeto, e iria dirigir o documentário “Pérola Negra”, cujo roteiro foi feito pela jornalista Carla Lopes. Fomos aprovados pela Lei Rouanet, em 2014, mas não logramos conseguir patrocínio em tempo hábil, e o projeto caducou...

Continuo disponível para palestrar onde for possível. Assisti às aulas de pós-graduação em Perícia Médica em 2013. Fui aprovada num concurso para ser médica Clínica Geral na cidade de Paulínia – SP e assumi este cargo em janeiro de 2014, o que está me fazendo muito feliz! Desde 2015, atuo na Geriatria da prefeitura de Paulínia, atualmente em Cuidados Paliativos.

Elaine P. Silva

Qui est Elaine Perle Noir?

"PERLE NOIR - HISTOIRE DE VIE D'UN MÉDECIN RÉUSSI FEMME DE COULEUR"
ELAINE PEREIRA DA SILVA
version par ADRIANA MARIA SILVA SANTOS

Mon nom est Elaine Pereira da Silva, je sus né à 1963, dans la ville de São Paulo, je suis noire. Ma mère, qui est décédée em 1989, etait servité. Mon père, maçon, décédé em 2005. Depuis une dizaine d'années, malgré la pauvreté généralisée, rêvait de devenir médecin. Ma mère m'a toujours encouragée à étudie.

A travaillé à partir de quatorze ans et, lorsque vous avez terminé la 2 degré, j'ai réalisé que les rêves ne sont pas un passeport pour entrer dans l'école de médecine
J'ai essayé de me dire, en étudiant la biologie et j'ai obtenu mon diplôme en 1985. Le désir d'être un médecin, cependant, a continue. Une des phrases qui guident ma vie (et il est sur ​​la couverture de mon livre) est ce fragment de la chanson "Club de le Coin n ° 2" par Milton Nascimento, Lô Borges et Márcio Borges: «Pourquoi at-on appelé les hommes, aussi appelé rêves et rêves ne vieillissent pas".
Après des études de biologie, j'enseigne la nuit et faire pré-universitaire école préparatoire dans la matinée. J'ai fait six mois en 1986 et je n'ai pas la médecine. L'année suivante, j'ai fait une année et à la fin, j'ai passé deux collèges privés: PUC - SP et Puccamp.

Pour moi inscrire, seul le premier, j'ai dû vendre une vieille voiture, qu'il avait achetée avec le salaire d'un enseignant. L'argent est allé et les douze jours plus tard, j'ai été obligé de verrouiller le fichier et retourner à l'école cram. Après neuf ans de classe préparatoire, a été approuvé lors de la Santa Casa à UNESP et UNICAMP, où j'ai tant rêvé.

De là, j'ai cessé d'enseigner et j'ai commencé à réaliser mon rêve: étudier la médecine. Ce fut alors l'an de grâce 1989. Vivre libre sur le Logement étudiant à Unicamp, et un petit sac de SAE (Service d'aide aux étudiants), j'ai étudié dur. J’ était en 5ème année du cours en 1993, lorsque, pour une négligence d'un de mes professeurs qui n'ont pas le temps de mon diagnostic, j'ai été admis aux l’ unité de soins intensifs de l'Unicamp.

Il y avait quatre jours dans le coma, intubé, respire à travers l'appareil, presque mort. Une autre expression très sérieuse dans ma vie », erreur médicale, le terrain s'étend." Mais il serait même à cette époque, ou dans d'autres deux fois au cours de ces années, je voyais de très près le visage de la mort, la terre me couvrir. Pourquoi? Quand j'étais à l'école préparatoire, avait promis à Dieu que s'il pouvait arriver à être un médecin, d'assister à des gens comme moi dépourvus d'argent. Je crois fermement que cette promesse était que la vie m'a assuré, des années plus tard.

Mon diagnostic est neurocysticercose, une maladie des larves de Taenia Solium tête. Tout au long de ces années, j'ai introduire dans le curriculum de cette maladie: deux comas, des lésions cérébrales qui me ferait enfantillage mentale (excès de joie), la perte de mémoire récent pendant trois ans, une somnolence excessive qui, heureusement, ont été presque inversée après des mois de combats. Aussi conte: trois opérations au cerveau, des fauteuils roulants, des béquilles, hôpital dix-huit ans, de nombreuses présences à la salle d'urgence, trois années de collège perdu et la discrimination à tous les niveaux possibles, imaginables et inimaginables trop. Cependant, je dis que «Dieu est père, beau-père et n'est pas raciste." Il voulait, après tout cela, j'ai fini un livre racontant 300% de victoire au cours d'une lésion cérébrale et ses implications sur la société raciste, classiste et sexist.

Quelles sont les soldes de ce combat?

01 - Depuis 1997, j'ai mon diplôme de médecine, a gagné avec du sang, de la sueur et des larmes dans l'une des universités les plus prestigieuses dans ce pays - Unicamp.

02 - J'ai mon registre dans le CRM (Conseil Régional de Médecine), sous le numéro 91194-CRM SP.

03-J'ai ma santé mentale attestée dans le rapport médical par le chef puis de Neurochirurgie Clinique de la Unicamp - le même professeur qui m'a vu avec incontrôléi émotionnel en 1993.

04 - Depuis j'ai obtenu mon diplôme, je remplis ma promesse: je fais le travail médical bénévole dans la communauté de Vila Brandina à Campinas – SP.

05-Je a travaillé comme médecin généraliste, efficace, dans la municipalité de Campinas depuis cinq ans. Approuvé l'examen médical, sans cacher ma maladie. Pour ce poste, a couru 160 médecins. Seulement 65 ont été approuvées. Je suis la 30ème place.

06 - En 1998, j'ai fait ma sixième IRM du cerveau et finalement consisté mon cysticercus se meurt et que mon problème de santé est en cours de résolution.

07 - Il avait, pendant des années, beaucoup de douleur dans ma poitrine, parce que des millions d'actes d'agression dans la société d'être noir, pauvre, malade et que vous voulez être médecin. Quand techniquement remporté le plus grand combat de ma vie, à l'extérieur, Dieu est venu et a pris beaucoup de mal loin, de sorte que la victoire était aussi le principal lieu - à l'intérieur de la personne. Cela était indispensable, car ils m'ont mis de nouveau n'était pas la désaffection de 500, était L'AMOUR d'une demi-douzaine, principalement des grands amis de ma vie: le Dr Fabrizio, un étudiant de ma première classe, qui n'a pas laissé de moi comme la plupart des gens, la pire période de ma vie et le Professeur Dr. Jamiro, qui est un père pour moi, et répond aux mêmes taudis que j'ai, depuis plus de 30 ans.

08 - Et pour finir en beauté, la plupart de mes patients - à la fois du bidonville que le poste de santé - très friands de mon service, et verbalisé ce pour me rendre plus heureux
Ce conte de fées est vrai posté sur mon livre autobiographique intitulé " Perle Noir - Histoire d'un chemin
Ce conte de fées est publié sur mon livre autobiographique intitulé "Black Pearl - Histoire de vie d'un Noir Médecin réussie”. La sape du livre a été ecrit pour le écrivain Rubem Alves.




Le livre termine ici. Et maitenant nous allons, sommairemen, renseigner sur cette histoire.
Je travaillai dans la reseau santé publique du pays pour sept ans et j’ai eté victime de discrimination, en fonction de l'histoire de ma vie et ma façon d’agir, lent et minutieux, en cherchant éviter fautes.

J'ai travaillé en tant que médecin, en tant que membre du personnel de la mairie de Campinas depuis cinq ans. J'ai été poursuivi en justice et gagné deux procès de travail de licenciement, qui étaient injustes et même criminelle! Épuisée, j'ai décidé de quitter Campinas. J'ai travaillé pendant trois mois dans MATO GROSSO DO SUL et puis j'ai trouvé un autre emploi dans Taquarituba, une ville dans le sud de l'État de São Paulo, où le salaire était très bon. Cependant, j'étais toujours la même personne, à savoir noir et honnête, ce qui implique un grand nombre de mauvaises conséquences dans la vie d'un médecin qui travaille pour le système de santé publique dans mon pays. Je suis resté là pendant onze mois, être licencié à cause d'une véritable monstruosité à Mars 2005.
Fatigué de la lutte, je suis revenue à Campinas pour se rapprocher de mes amis. J'étais en congé de maladie de l'INSS (Institut National de Sécurité Sociale) pour 2 ans et demi. J'ai repris mon travail de bénévole médical faisant dans la communauté de Vila Brandina. Mon livre a été lancé en Avril 2006 et depuis lors, j'ai donné des conférences de motivation au grand public. Cette histoire a été broadcastedin deux moyens parlées et écrites de communication, notamment la télévision, aux niveaux national, régional et international. En Janvier 2008, j'ai été admis le médecin dans le système de santé publique dans la ville de Monte Mor, État de São Paulo, où une fois que j'avais prononcé la conférence. J'y ai travaillé pendant près de trois mois, puis j'ai perdu mon emploi pour ne pas être en mesure d'aider l'ensemble de mon grand volume de qualité technique pacientes aux exigences minimales qu'ils méritaient. J'avais suggéré l'embauche d'un plus médecin pour m'aider et j'ai été congédié quelques semaines plus tard.
J'ai été invité à être le candidat PMDB pour conseiller à Campinas, mais n'a pas eu le temps ou l'argent pour faire campagne - le résultat a été une échec...

Je travaillais dans le secteur de la médecine privée, comme expertise médicale on travaux, à partir de 2008 jusqu'en 2010 lorsque, en raison de l'aggravation de la santé (séquelles psychosomatique de cette histoire), j'ai dû arrêter de travailler
Je reste à disposition pour à donner des conférences autant que possible, et rêve de faire de cette histoire un documentaire et un long métrage de cinéma! Je fais aussi nouvelle édition de l'ouvrage, qui a lancé comme une production indépendante, et m'a obtenu son fichier sur CD. Je suis étudiante de post graduate en expertise médicale.

Mon site est www.draelaine.com et, en haut debit, on peut voir mon entrevue avec Jô Soares en 2006, rejoué en 2007 et une autre faite avec EPTV (TV Globo régional) en 2009. Email : doutoraelaine@draelaine.com.
 
Récemment, notre projet a reçu un nouveau membre. Le cinéaste Congo-Français Balufu Bakupa-Kanyinda, de renommée internationale, avec des incursions professionnels en Europe, en Afrique et aux États-Unis (voir Google) a vraiment aimé notre projet – il será le producteur réalisateur du film "Perle Noir". Lorsque nous avons des commandites, va embaucher une equipe pour ler tournage.

Je vous remercie de l'attention

Gracieusement, 
Dra. Elaine Pérola Negra[1]
Elaine P. Silva



[1] “Pérola Negra” c’est la version on portugais de Perle Noir.
3 3-"Globo TV" (TV Globo, en portugais) ou tout simplement Globo est un réseau de télévision brésilien, l'un des plus grands réseaux de télévision dans le monde. Jô Soares accueille un talk-show (semblable à David Letterman) au Globo et il est aussi un comédien, auteur, metteur en scène, réalisateur, acteur, peintre et musicien.
4-EPTV est un réseau d'affiliés de Globo dans la région de la ville de Campinas.

15 de out. de 2013

Doutora Elaine com o Senador Paulo Paim

Em 15 de outubro de 2013, a Dra. Elaine visitou o Senado Federal e conversou com Senador Paulo Paim.

O registro do encontro encontra-se no vídeo a seguir:


Doutora Elaine com Senador Eduardo Suplicy na TV Senado

Em 15 de outubro de 2013, a Dra. Elaine visitou o Senado Federal e foi homenageada pelo Senador Eduardo Suplicy. A homenagem foi transmitida pela TV Senado.


25 de abr. de 2013

Entrevista - Belezas de Kianda


Entrevista concedida em 2011 ao blog Belezas de Kianda”, que trabalha com a autoestima da mulher negra.


Leia na íntegra clicando aqui:


Alguns trechos:

Belezas de Kianda: Como foi a sua infância?

Dra. Elaine: Foi feliz, embora eu tenha vivido em meio à pobreza. Minha mãe, D. Ana (empregada doméstica), era uma mulher muito especial, por isto meu livro é dedicado à ela. Ela fazia de tudo, no seu tempo livre, para nos trazer alegrias, ensinava brincadeiras de quintal, contava histórias, “causos”, enfim, nos divertíamos bastante com o pouco que tínhamos. Tenho muita saudade desta época.

BK: Como surgiu sua vontade de ser médica?

Não sei exatamente, mas me lembro que, aos dez anos de idade, eu falei pro Dr. Luis, meu pediatra num convênio médico chamado Comepa, da firma onde meu pai trabalhava como pedreiro, a Filex. Ele sabia que eu era negra e muito pobre, mas ele me disse: “Você vai ser!”. Porque ele percebia que eu era bem inteligente, e que, talvez, conseguisse conquistar este sonho, mesmo sendo tão pobre.O que não imaginávamos é que eu adoeceria gravemente, quando estivesse quase conquistando este sonho, o qual seria adiado por mais três anos.


BK: Na escola de medicina, certamente não haviam muitas mulheres negras e com a mesma origem social que você. Como você se sentia no meio dos outros alunos?


Não é que não havia muitas… (risos) não havia mais nenhuma além de mim! (risos) Em minha turma havia uma outra moça negra, mas ela veio de classe média – era outra história… Negra e pobre – havia apenas eu. Antes de adoecer eu tinha, desde a adolescência, um complexo de inferioridade muito grande. A sociedade me tratou como inferior, porque eu era negra e pobre, e eu acreditei que, de fato, era inferior… E também me sentia muito feia, o que fez de mim uma pessoa extremamente tímida, retraída, sempre me sentindo o “patinho feio”. Isto é péssimo. Falei a Jô Soares que só perdi este complexo de inferioridade mediante uma lesão cerebral aos 30 anos, no quinto ano de Medicina Unicamp. É muito triste saber que eu precisei enfrentar a morte pra descobrir que eu tinha valor. Falei pro Jô que o pior do racismo não é o negro ser tratado como inferior – o pior é ele sentir-se como tal. Lembro-me de que ele concordou. Minha entrevista com ele pode ser vista em meu site, em banda larga: www.doutoraelaine.com.